Investidores em tensão, já que o relatório de emprego dos EUA pode ser um sinal importante para a economia
Na próxima semana, as atenções do mundo financeiro estarão voltadas para o relatório mensal de emprego dos EUA. Esse documento poderá responder à principal pergunta: Os últimos dados macroeconômicos preocupantes são um prenúncio de problemas sérios para a economia?
Aumento da volatilidade do mercado de ações
O S&P 500 (.SPX), que recentemente atingiu recordes de alta, perdeu cerca de 4% nas últimas semanas. Ao mesmo tempo, os rendimentos do Tesouro estão caindo e o mercado de criptomoedas também está em declínio, com o Bitcoin perdendo terreno. Tudo isso sugere que os investidores estão se tornando cada vez mais cautelosos e adotando uma abordagem equilibrada em relação aos ativos de risco.
A inflação continua em foco: como o relatório de emprego pode afetar os mercados
Apesar das preocupações crescentes sobre uma desaceleração econômica, a inflação continua em foco para os investidores. A taxa anual de crescimento dos preços ainda está acima da meta de 2% do Federal Reserve. Isso significa que dados muito fortes sobre o mercado de trabalho podem desencadear uma nova rodada de agitação em Wall Street e, nesse caso, o Fed pode se abster de flexibilizar ainda mais a política monetária, com a qual os participantes do mercado estão contando.
Esperança de taxas mais baixas
Um possível fator positivo para o mercado acionário continua sendo a perspectiva de uma política monetária mais branda. Os recentes relatórios econômicos fracos fortaleceram as expectativas de que o Fed agirá de forma mais decisiva do que o esperado anteriormente. De acordo com a LSEG, os investidores estão prevendo pelo menos mais dois cortes nas taxas de juros até dezembro.
Essas expectativas dão suporte ao mercado, já que as taxas mais baixas tradicionalmente ajudam a tornar os empréstimos mais baratos e os lucros das empresas mais fortes. No entanto, dados sólidos sobre o emprego poderiam ajustar essas previsões, forçando os investidores a repensar sua estratégia.
Demissões no setor público: uma ameaça à demanda do consumidor
Uma nova onda de demissões no governo federal está aumentando a tensão. O presidente Donald Trump iniciou um grande corte de funcionários públicos e, na quarta-feira, o governo anunciou mais medidas nesse sentido. Dezenas de milhares de funcionários públicos perderam seus empregos nas últimas semanas, de acordo com agências de monitoramento.
A tendência está preocupando os economistas. De acordo com Torsten Slok, economista-chefe da Apollo Global Management, a incerteza entre os trabalhadores do governo e os terceirizados poderia forçar as famílias dos EUA a reconsiderar seus gastos.
"Há um risco crescente de que os consumidores comecem a cortar seus gastos, evitando fazer grandes compras", disse Slok.
Momento crítico para a economia
Os economistas continuam a observar atentamente a situação para determinar se o ciclo de negócios atingiu um ponto de inflexão.
"Continuamos cautelosamente otimistas em relação às perspectivas econômicas, mas também estamos monitorando de perto os indicadores macroeconômicos em busca de possíveis sinais de desaceleração", disse Slok em uma nota na quinta-feira.
Em meio a todos esses fatores, o relatório de empregos dos E.U.A. pode ser um ponto de inflexão, aumentando a confiança no mercado ou desencadeando uma nova onda de vendas se os dados ficarem aquém das expectativas dos investidores.
Foco nos dados econômicos: O Fed e o mercado à espera
Os investidores receberão mais dados sobre a situação da economia dos E.U.A. na próxima semana, incluindo a produção industrial e a atividade do setor de serviços. Espera-se também que várias autoridades do Federal Reserve façam comentários que ajudarão a avaliar sua visão atual da economia.
Esses relatórios podem desempenhar um papel fundamental na formação das expectativas do mercado em relação à política futura do Fed, especialmente devido à incerteza contínua dos dados macroeconômicos e à volatilidade do mercado de ações.
As declarações políticas de Trump continuam a abalar os mercados
Os investidores continuam a monitorar de perto as declarações de Donald Trump, que continua a ser um dos principais fatores de instabilidade do mercado. Nesta semana, ele mais uma vez chamou a atenção dos investidores ao expressar esperança de uma isenção temporária das altas tarifas sobre as importações do México e do Canadá, ao mesmo tempo em que anunciou novas tarifas sobre carros e produtos da Europa.
Essas declarações provocaram uma reação perceptível nos mercados.
"Ontem foi outro exemplo de como qualquer coisa que a Casa Branca ou o presidente diga pode mudar instantaneamente o sentimento do mercado", disse Matthew Mailey, estrategista-chefe de mercado da Miller Tabak.
A antecipação de novas decisões comerciais aumenta a tensão na dinâmica do mercado, especialmente devido à próxima divulgação de dados macroeconômicos.
Crescimento asiático e o salto explosivo do Bitcoin
Os mercados acionários asiáticos iniciaram a semana com um aumento cauteloso, mostrando uma reação positiva à expectativa de que as novas tarifas comerciais pudessem ser atenuadas ou adiadas.
Nesse cenário, o mercado de criptomoedas apresentou um aumento repentino na atividade. O Bitcoin subiu acentuadamente após o anúncio da inclusão de criptomoedas na nova Reserva Estratégica de Ativos Digitais dos EUA.
O presidente Trump anunciou em suas mídias sociais que a reserva incluirá cinco grandes moedas digitais, incluindo Bitcoin, Ethereum, XRP, Solana e Cardano.
A notícia afetou imediatamente as cotações das criptomoedas:
- Bitcoin — saltou 10%, atingindo $92,905;
- Ether — inicialmente apresentou um aumento de 13% no fim de semana, mas depois foi corrigido para US$ 2.443.
Esses movimentos indicam um reconhecimento crescente das criptomoedas em nível oficial, o que pode mudar a dinâmica do mercado digital nos próximos meses.
Mercados asiáticos ganham com dados positivos
Os mercados acionários da Ásia-Pacífico iniciaram a semana com um sólido ganho. O amplo índice MSCI Ásia-Pacífico fora do Japão subiu 0,3%, enquanto o Nikkei do Japão subiu 1,0%. As blue chips chinesas também mostraram um impulso positivo, subindo 0,8%.
O mercado chinês foi impulsionado por novos dados econômicos, com o Índice Gerentes de Compras (PMI) de Manufatura Caixin/S&P subindo para 50,8 em fevereiro, em comparação com 50,1 em janeiro. A leitura sinaliza uma recuperação gradual no setor industrial da China, dando otimismo aos investidores.
Os futuros da Europa e dos E.U.A. permanecem estáveis
Os índices acionários dos E.U.A., incluindo o S&P 500 e o Nasdaq, mantiveram-se estáveis após uma recuperação inesperada na sexta-feira, que ajudou a compensar algumas das perdas de uma semana difícil.
Os mercados europeus também estão mostrando um humor modestamente positivo:
- Os futuros do EUROSTOXX 50 subiram 0,3%;
- O FTSE e o DAX subiram 0,6%.
O aumento se deve em parte a fatores políticos - os investidores receberam bem a notícia de que os líderes europeus concordaram em desenvolver um plano de paz para a Ucrânia para o governo dos EUA. Essa decisão ocorreu após tensas negociações entre o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e Donald Trump no Salão Oval.
EUA: Sinais econômicos preocupantes aumentam os temores de recessão
Embora os mercados globais estejam demonstrando um otimismo cauteloso, a situação econômica nos EUA está causando cada vez mais preocupação. Os últimos relatórios macroeconômicos foram mais fracos do que o esperado, o que levou a uma revisão das previsões de crescimento econômico.
O indicador GDPNow do Atlanta Federal Reserve, que acompanha o ritmo de crescimento econômico nos EUA, caiu acentuadamente de +2,3% para -1,5% em termos anuais. A reviravolta acentuada alimentou a especulação de que a economia dos EUA poderia estar caminhando para uma recessão.
Os economistas dizem que uma desaceleração como essa poderia forçar o Fed a repensar sua política e tomar medidas mais agressivas para reduzir as taxas de juros. Entretanto, o mercado permanece em um limbo enquanto aguarda mais dados que confirmem ou refutem essas previsões alarmantes.
Tensões comerciais: novas tarifas entrarão em vigor
As preocupações com a estabilidade econômica dos EUA se aprofundaram no domingo, depois que o secretário de Comércio, Howard Lutnick, confirmou que as tarifas sobre as importações canadenses e mexicanas entrariam em vigor na terça-feira.
Donald Trump deve tomar uma decisão final sobre a manutenção das tarifas em 25% ou se a Casa Branca irá revisá-las.
A medida pode ter um grande impacto nas relações comerciais da América do Norte, bem como no custo das mercadorias e nas cadeias de suprimentos. Os especialistas alertam que o aumento da escalada da política comercial pode ser outro fator de desestabilização da economia dos EUA.
Nova guerra comercial: China prepara contramedidas
Os Estados Unidos estão impondo uma tarifa adicional de 10% sobre as importações chinesas nesta semana, o que pode exacerbar as relações comerciais já tensas entre as duas maiores economias do mundo. Esse fato coincide com o início da terceira sessão anual do Congresso Nacional do Povo da China, que começa na quarta-feira.
Os especialistas esperam que as autoridades chinesas possam anunciar novos incentivos econômicos para amenizar o impacto das tarifas americanas. Entretanto, uma resposta dura de Pequim, que poderia levar a um confronto comercial mais duro com os Estados Unidos, não pode ser descartada.
"Como muitos dos anúncios anteriores de Trump sobre tarifas, é difícil dizer se essa é uma medida estratégica ou uma mudança real de rumo", disse Michael Feroli, economista do JPMorgan.
Se as novas tarifas entrarem em vigor, elas poderão exercer uma pressão significativa sobre a economia global, desacelerando o crescimento e causando novos aumentos de preços para os consumidores americanos.
BCE se prepara para corte de taxas: sinal para a Europa
Enquanto os mercados dos EUA aguardam a decisão do Fed, o Banco Central Europeu (BCE) está se preparando para suas próprias medidas de estímulo. Na quinta-feira, espera-se que o BCE corte sua taxa de juros em 25 pontos-base, para 2,50%.
Os dados macroeconômicos fracos da zona do euro aumentaram a confiança dos analistas de que a taxa poderia cair para menos de 2% até o final do ano. Isso deve apoiar a economia da região, mas também pode enfraquecer o euro e afetar as expectativas de inflação.
Mercados de câmbio: Euro se fortalece em meio a negociações de paz
Nos mercados de câmbio globais, o euro apresentou um aumento de 0,5%, atingindo US$ 1,0421. Esse aumento está associado ao otimismo sobre um possível progresso nas negociações de um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia. No entanto, na sexta-feira, a moeda europeia enfraqueceu para US$ 1,0360, indicando a continuação da incerteza do mercado.
O dólar americano, que se fortaleceu 1,7% na semana passada, ficou sob pressão novamente. Caiu para 1,4445 dólares canadenses e também se enfraqueceu em relação ao peso mexicano, atingindo 20,4586.
A moeda americana também apresentou um ligeiro declínio em relação ao iene japonês, caindo para 150,32 ienes por dólar. O índice do dólar, que reflete o desempenho do dólar em relação a uma cesta das principais moedas, registrou uma ligeira queda para 107,180, o que sinaliza um sentimento misto dos investidores.
O ouro recupera terreno após a semana passada
No mercado de metais preciosos, o ouro ganhou 0,5%, subindo para US$ 2.873 a onça. Isso compensou parcialmente a queda de 3% registrada na semana passada.
O aumento nos preços do ouro está associado às preocupações contínuas sobre a instabilidade econômica global e os riscos geopolíticos. Tradicionalmente, os investidores veem esse metal como um porto seguro, especialmente em meio à volatilidade das moedas e dos mercados acionários.
O petróleo está crescendo após uma semana de queda
Os preços do petróleo iniciaram a semana com uma dinâmica positiva, recuperando-se parcialmente das perdas do período anterior.
- Os futuros do Brent subiram 76 centavos, chegando a US$ 73,57 por barril;
- O petróleo americano WTI subiu 74 centavos, atingindo US$ 70,50 por barril.
Na semana passada, o mercado de petróleo ficou sob pressão devido a rumores de que os Estados Unidos poderiam aliviar as sanções contra a produção russa, o que potencialmente aumentaria a oferta global de petróleo. Um fator adicional de incerteza continua sendo o risco de uma escalada da guerra comercial global, que poderia afetar negativamente a demanda por energia.
De modo geral, o início da semana mostra um otimismo moderado nos mercados, mas os principais eventos macroeconômicos, incluindo as decisões do Fed e do BCE, bem como possíveis novos anúncios sobre tarifas comerciais, podem mudar a dinâmica dos ativos a qualquer momento. Os investidores continuam a monitorar de perto os eventos globais, aguardando novos sinais sobre a direção da economia global.